VACINA H1N1: O Despertar de um vírus...


Sabe-se que o vírus da influenza circula no mundo e de período em período ele nos acomete com surtos e epidemias desastrosas. A última pandemia foi a de 2009. Mas, a vovó e o vovô, com certeza lembram da Gripe Espanhola de 1918. Aquela, que segundo os dados disponíveis ceifou quase  100  milhões de vidas.


A Gripe Espanhola com uma  taxa de mortalidade altíssima em adultos jovens, causava  uma grave  doença pulmonar com destruição dos tecidos pulmonares, o que  levava a óbito por "afogamento" (pulmão repleto de líquido por conta do processo inflamatório). Ficando o rosto das pessoas, azulados.



Hoje, 2016, o H1N1 está de volta, despertou, e parece mais agressivo do que nos anos anteriores. Onde milhares de brasileiros estão "perdidos" com essa antecipação da gripe que atingiu alguns estados, causando óbitos em jovens e idosos.
Sem vacina na rede pública, visto que a campanha de vacinação só deve começar no dia 30 de abril,  os pais estão assustados com noticias diárias de mais casos confirmados, e de casos suspeitos.



A corrida às clínicas particulares, para muitos, é em vão. Mesmo na rede particular, para aqueles que dispõem de 80 a 200 reais, não há vacinas para todos. Hoje 07 de abril cabe à população olhar a gripe e torcer para que ela passe. Mas a experiência humana não é assim. Quando uma cepa de H1N1 passa, e não há proteção, ela ceifa, principalmente jovens, sadios, que possuem uma aparato celular ideal para manter estes vírus circulando na superfície do planeta. 
Como virologista, digo:  - Sem vacina, não dá. Fecha tudo até a população se sentir segura.
Essa é a minha opinião.


Algumas informações técnicas da vacina trivalente da Aboott.
Perceba que não protege 100%.

Dados da bula da INFLUVAC® da Abbott Biologicals, Holanda.

  1. Taxa de soroproteção pós-vacinal:
Cepa A(H3N2)
Cepa A(H1N1)
Cepa B
Pacientes entre 18 e 60 anos 
96,6%
96,6%
93,2% (96,6%)
Pacientes com 61 anos
98,3%
88,1%
64,4% (88,1%)



As cepas contempladas são:  a H1N1 de 2009, modificada;  e a H3N2 de 2014. Mais uma cepa de influenza B de 2008. Não é cepa circulante de 2015, no caso da B. Mas até agora esta cepa não é tão agressiva ou mesmo importante no Ocidente.


  1. Cada seringa contém:
    A/California/7/2009 (H1N1)* ........................................................ 15 µg de hemaglutinina 

    A/ Hong Kong/4801/2014 (H3N2)................................................. 15 µg de hemaglutinina
    B/ Brisbane/60/2008.......................................................................15 µg de hemaglutinina 

* A/California/7/2009 (H1N1),  é uma cepa originária do Estado da Califórnia, Estados Unidos. De onde se disseminou para o resto do mundo  em 2009. 




LEMBRE-SE: 

* A vacina não contém vírus. Somente a glicoproteína viral H (hemaglutinina) e a Neuraminidase N. 

* Entrei em contato com  a Abbott Biologicals para maiores esclarecimentos sobre a composição. E no dia 15 de abril enviaram a seguinte informação por email: 

"Conforme solicitado no contato telefônico, informamos que a vacina deve conter 15 microgramas do antígeno hemaglutinina de cada cepa. A concentração/quantidade de neuraminidase não está definido. Apenas a presença do antígeno Neuraminidase deve ser identificada identificada na vacina"

Ultimas observações:

1. Esta vacina não deve ser utilizada por mulheres grávidas sem orientação médica, e pode ser usada durante a amamentação.

2. Esta vacina é contra-indicada para uso por pacientes com alergia a ovo (ovalbumina, proteínas de galinha) ou gentamicina.

3. Deverá ser postergada em pacientes com febre ou infecção. E não deve ser administrada em menores de 6 meses de idade.





      Figura 1. Arquivo pessoal do Prof. Marcelo Moreno.




                                          Figura 2. Arquivo pessoal do Prof. Marcelo Moreno.





Comentários

Imagem esquemática do SARS-CoV-2 exibindo a espícula glicoproteica S

Imagem esquemática do SARS-CoV-2 exibindo a  espícula glicoproteica S
Ela é responsável pelo fenômeno de adsorção, a ligação do vírus à célula, e portanto, pelo início da infecção viral. O SARS-CoV-2 se liga às células através de um receptor, a enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), presente nas superfícies de células do pulmão, do intestino, do rim, e de vasos sanguíneos. Imagem: https://www.scientificanimations.com/C&EN/Shutterstock.

Imagem esquemática do SARS-CoV-2.

Imagem esquemática do SARS-CoV-2.
Observe receptor presente na célula [ACE2] que se liga à proteína S. Human cell = célula humana; Glycoprotein = glicoproteína. Imagem: https://www.scientificanimations.com/C&EN/Shutterstock.

SARS-CoV-2 iniciando o processo de infecção.

SARS-CoV-2 iniciando o processo de infecção.
Fenômeno de adsorção - quando o vírus "toca" a célula com "segundas intenções". A menor quantidade de receptores ACE-2 nas células das crianças explicaria o fato desta faixa etária ser menor atingida por este novo coronavírus.