FEBRE TIFÓIDE: O CASO “MARY MALLON” COMO MARCO NO ESTUDO E APRENDIZAGEM DA NOVA CIÊNCIA, A BACTERIOLOGIA

No início do século 20, as bases de uma nova ciência, preocupada com doenças que acometiam as pessoas, estavam sendo sedimentadas. Doenças essas que através dos trabalhos de Louis Pasteur e Robert Koch, foram associadas a minúsculas partículas, os germens ou micróbios. No entanto, apesar dessas doenças acompanharem a humanidade desde o início, foi somente nesta época, com os trabalhos pioneiros destes cientistas é que a humanidade começou compreender o papel dos germens nas doenças infecciosas. No início tudo era novo, e de difícil compreensão. Por exemplo, não havia o entendimento de que pessoas aparentemente sadias poderiam transmitir estes micróbios e, portanto, causar epidemias na comunidade.


A presente abordagem tem como objetivo apresentar um caso real ocorrido nesta época onde uma cozinheira na cidade de Nova Iorque, Mary Mallon (1869-1938), intitulada como “Maria Tifóide”, por albergar bacilos da Salmonella enterica sorotipo Typhi, causou um surto de febre tifóide nos locais por onde trabalhou. Infectando 47 pessoas, e se envolvendo diretamente no óbito de mais três. E, justamente, a partir deste trabalho pretende-se demonstrar com este caso, a sua relação com as bases da aprendizagem da disciplina de Microbiologia.



Matéria de Jornal da época retrata a cozinheira Mary Mallon preparando os seus "pratos" da morte.




Foto da época da jovem Mary Mallon.



No presente trabalho investigou-se na literatura materiais que relacionassem especificamente o caso “Mary Mallon” com o desenvolvimento desta nova ciência, a bacteriologia. Além de abordar a questão do “portador”, indivíduo assintomático que carreia o micróbio em seu corpo sem manifestar a doença, mas que contribui para a disseminação dos germens.


Concluí-se com este estudo, que não somente podemos nos familiarizar com um caso real de uma portadora de bacilos da febre tifóide, mas também conhecer os métodos de diagnósticos utilizados há cerca de cem anos. Métodos aplicados até hoje. Por exemplo, as manobras bacteriológicas, os meios de cultura tendo como base o ágar, constituem os fundamentos da Microbiologia atual. É claro que técnicas que hoje existem não existiam naquela época. No entanto, com um bico de Bunsen e uma placa de cultivo, Pasteur * e Koch não ficaram dependentes de uma tecnologia mais avançada. E iniciaram os fundamentos dessa nova ciência. Logo, como ponto inicial para a formação de um microbiologista, acreditamos que este caso gerado pela senhorita Mary Mallon há mais de cem anos, o qual também ofereceu uma oportunidade de desafiar esta nova ciência no que diz respeito a sua credibilidade, sendo recomendado àqueles iniciantes estudantes de bacteriologia do século 21. Sendo o caso apresentado um referencial da aplicabilidade desta excitante disciplina, a Microbiologia. Podendo então ser considerado um marco na Bacteriologia.



* vale ressaltar que muitos que trabalham na área, não fazem como Pasteur e Koch nos ensinaram, ou seja, colocar o material bacteriológico na frente da chama, onde o material deve ficar entre o operador e a chama, e não colocar a chama entre o operador e o material bacteriológico. Estes, podemos chamá-los de bacteriologistas amadores.





Excelente filme-documentário sobre a Cozinheira Irlandesa, Mary mallon. Clique a seguir:

https://www.youtube.com/watch?v=slzdZSr-B-E&t=60s








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Imagem esquemática do SARS-CoV-2 exibindo a espícula glicoproteica S

Imagem esquemática do SARS-CoV-2 exibindo a  espícula glicoproteica S
Ela é responsável pelo fenômeno de adsorção, a ligação do vírus à célula, e portanto, pelo início da infecção viral. O SARS-CoV-2 se liga às células através de um receptor, a enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), presente nas superfícies de células do pulmão, do intestino, do rim, e de vasos sanguíneos. Imagem: https://www.scientificanimations.com/C&EN/Shutterstock.

Imagem esquemática do SARS-CoV-2.

Imagem esquemática do SARS-CoV-2.
Observe receptor presente na célula [ACE2] que se liga à proteína S. Human cell = célula humana; Glycoprotein = glicoproteína. Imagem: https://www.scientificanimations.com/C&EN/Shutterstock.

SARS-CoV-2 iniciando o processo de infecção.

SARS-CoV-2 iniciando o processo de infecção.
Fenômeno de adsorção - quando o vírus "toca" a célula com "segundas intenções". A menor quantidade de receptores ACE-2 nas células das crianças explicaria o fato desta faixa etária ser menor atingida por este novo coronavírus.