OMS decreta fim de emergência internacional para Ébola. 29/03/2016 16h28. Fonte: Agência Brasil.







" A  epidemia de Ébola na África ocidental não representa uma emergência de saúde pública de alcance internacional”, declarou a diretora da OMS, Margaret Chan, em uma conferência de imprensa em Genebra.


“Possivelmente quando a taxa de mortalidade do ébolavirus atingir 10 a 15%, abre-se caminho para uma pandemia. Todavia, fatores determinantes, como barreiras de proteção eficientemente adotadas, podem frustrar tal catástrofe”.  Prof. Marcelo Moreno.


A OMS decretou o fim da epidemia do vírus Ébola na África em janeiro de 2016 depois de 2 anos de intenso combate. 
Com o envolvimento ainda que tardio das forças sanitárias dos países do Ocidente, a epidemia atingiu 9 países fora da África, causando mais de 11.000 mortes no total somente no continente africano, com mais de 28.000 pessoas infectadas.
Apesar da avaliação da OMS decidir pelo fim da situação de epidemia naqueles países onde a crise se originou, casos isolados continuavam ocorrer, mesmo sem pacientes internados naquelas regiões que pudessem ser, portanto, a fonte de contaminação.
Os cientistas entenderam que o vírus Ébola continuava infectante, a partir de sobreviventes da epidemia, e que outras formas de transmissão eram a fonte desses novos casos.
A permanência do vírus em áreas do corpo onde a circulação de anticorpos é menor, como dentro dos olhos e nos testículos já havia sido demonstrada durante a epidemia. O que remitia, portanto, a transmissão sexual do vírus como sendo um fator de manutenção de ocorrência de casos.
Num trabalho publicado na Revista Journal Infectious Diseases de 3 de maio, pesquisadores de um time internacional demonstraram  como se dá a permanência do vírus Ébola no sêmen dos sobreviventes e sua capacidade de infectar outras pessoas.
Foram 98 amostras, obtidas de 68 pacientes que sobreviveram à infecção pelo ébolavirus, de várias regiões da Guiné de março a outubro de 2015. O vírus foi detectado nos casos mais extremos, 9 meses após a infecção , em amostras do sêmen de 8 pacientes pelo menos. A quantidade de amostras com vírus diminuía com o tempo depois da infecção. Com 26% sendo infectante após 3 meses; 16,7% de 4 a 6 meses; e 6,5% no grupo de pacientes que estavam com 7 a 9 meses de sobrevivência da doença. 
Tudo isso aponta para uma necessidade de se estabelecer medidas educativas, não só para evitar a transmissão por mecanismo habitual, ou seja, pela secreção do corpo dos infectados, mas também pela via sexual.
A experiência na tentativa de controle do HIV/Aids na África já mostrou para o mundo a dificuldade em se abordar esse tema naquelas sociedades. Por isso que o mundo todo deve apoiar os países que mais sofreram com a epidemia de Ébola, para que não se tornem focos permanentes de infecção dessa doença; mantida a transmissão através da via sexual."

Dr. Luís Fernando Correia - “Saúde em Foco”. Rádio CBN-Brasil. SEGUNDA, 16/05/2016, do meu carro às 07:56 AM.

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Imagem esquemática do SARS-CoV-2 exibindo a espícula glicoproteica S

Imagem esquemática do SARS-CoV-2 exibindo a  espícula glicoproteica S
Ela é responsável pelo fenômeno de adsorção, a ligação do vírus à célula, e portanto, pelo início da infecção viral. O SARS-CoV-2 se liga às células através de um receptor, a enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), presente nas superfícies de células do pulmão, do intestino, do rim, e de vasos sanguíneos. Imagem: https://www.scientificanimations.com/C&EN/Shutterstock.

Imagem esquemática do SARS-CoV-2.

Imagem esquemática do SARS-CoV-2.
Observe receptor presente na célula [ACE2] que se liga à proteína S. Human cell = célula humana; Glycoprotein = glicoproteína. Imagem: https://www.scientificanimations.com/C&EN/Shutterstock.

SARS-CoV-2 iniciando o processo de infecção.

SARS-CoV-2 iniciando o processo de infecção.
Fenômeno de adsorção - quando o vírus "toca" a célula com "segundas intenções". A menor quantidade de receptores ACE-2 nas células das crianças explicaria o fato desta faixa etária ser menor atingida por este novo coronavírus.