VÍRUS GIGANTES: DOS MIMIVÍRUS AOS TUPANVÍRUS - um novo ramo, o Giga!


O professor Marcelo Moreno fundamentado em discussões  de biólogos e virologistas, pergunta se os atuais vírus gigantes (Mimivírus, Pandoravírus, Pithovírus), e os recém descobertos no Brasil em 2018, pelo grupo do professor Abrahão da UFMG, os Tupanvírus, não deveriam ser classificados como vírus, mas sim como um novo grupo de microrganismo, denominado por ele de Giga ou ainda Giganda (giga = grande, e  nda = DNA) ?




Modelo didático (em detalhes azuis) apresentado por Ruan Batista, aluno do curso de Biologia, Universidade Federal da Paraíba,  na II MOSTRA DE MODELOS DIDÁTICOS NA UFPB.


Relato do Ruan

"Olá professor, antes de qualquer coisa quero dizer que fiquei muito contente em observar que a minha escolha pelo Tupanvirus na amostra didática de alguma forma influenciou você a escrever este interessante texto. Gostei muito de ver o modelo exposto na postagem em questão, me senti fazendo parte desse canal de divulgação científica"






Imagens do Tupanvírus.
Fonte: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fmicb.2019.00671/full#S1 Acesso 02//05/2019.


No trabalho   The multiple origins of proteins present in tupanvirus particles



O Grupo do Professor Abrahão descreve (modificado):

"A análise proteômica das partículas virais purificadas revelou que os vírions são compostos por mais de cem proteínas com diferentes funções. A origem dessas proteínas ainda não havia sido investigada. Aqui, nós fornecemos evidências para várias origens das proteínas presentes nas partículas de tupanvírus, em que 20% se originam de membros dos Domínios Archaea, Bacteria e Eukarya."





Observe a herança gênica dos três Domínios da Vida e dos vírus gigantes, Mimívirus e Pandoravírus. Fonte da imagem: último trabalho citado.

O grupo do professor Abrahão finaliza: " Análises filogenéticas de todas as 127 proteínas de tupanvírus indicam que uma porção substancial da estrutura de partículas é influenciada por membros dos três Domínios da Vida."



"Amostras são de sedimentos da Bacia de Campos, no Rio de Janeiro e de lagoas salinas no Pantanal, em Mato Grosso do Sul."
“Então, assim, foi sensacional ver pela primeira vez aquele vírus todo diferente, com uma cauda, que nunca tinha sido descrito, daquele tamanho”, disse a pesquisadora Thalita Arantes.
... parecem "microfones peludos". 

“Quando nós fizemos o sequenciamento completo, nós percebemos que, além da estrutura, que já era fantástica, o genoma era fantástico. Codificava genes nunca vistos antes no planeta. E cerca de 30% dos genes eram completamente novos”, disse o professor Jônatas Abrahão, professor pesquisador da UFMG.




Então!
Poderíamos renomear os tupanvírus para Giga Tupan ou Tupangiga? 
Um Gigóbio?

"Não importa o nome, mas parece que a comunidade científica terá que parar e discutir sobre essas entidades biológicas e sua classificação."

"Isso mostra um gradiente de formas de vida. Os poxvírus são também um pouco mais complexos que os vírus comuns, e os vírus gigantes mais complexos ainda. Eles vêm sendo estudados e sequenciados, provavelmente surgirão teorias sobre a posição deles."


O aluno Ruan Batista expõe sua opinião sobre o assunto:

"Fundamentado principalmente na visão de Wili Hennig (o criador da Sistemática Filogenética), contextualizado com uma estrutura de políticas filogenéticas atuais, essa proposta é apoiada nas principais diferenças observadas quando comparamos essas famílias com o restante da diversidade da atmosfera. A sistemática filogenética engloba um corpo teórico-metodológico extenso, cheio de conceitos. Uma área é destinada a classificar uma diversidade de vida na vista de sua natureza evolutiva, em busca de grupos naturais delimitados (reais), cuja origem sempre se dá na dimensão temporal. Por exemplo, o processo de inferir a existência de um novo grupo, é um processo muito delicado e desmembrado, fruto do que chama uma análise filogenética, onde pegamos um universo de informações sobre um conjunto de grupos biológicos em análise, comparamos essas informações seguindo uma metodologia específica e refletida sobre a natureza temporal das características em termos evolutivos. Independentemente do trabalho de análise filogenética em que seria necessário para fazer uma proposta do tipo, acho que sua proposta é bem fundamentada e traz discussões interessantes, inclusive que podem influenciar diretamente a realização de novas estatísticas filogenéticas nesse sentido. Sua proposta de criar um novo grupo baseado nas dimensões e na estrutura genética dos vírus gigantes é bem fundamentada, são características muito marcantes. Uma questão que é o mesmo que os vírus, Pandoravírus, Pithovírus e Tupanvírus, forma um grande grupo chamado Giganda, isso não significa que eles perdem o vírus, seguindo uma lógica dos vírus que causam o vírus mais reduzidos. No entanto, se o caminho evolutivo para o contrário, nenhum vírus gigante é ancorado nos vírus mais reduzidos, sim os Gigandas não são vírus, e a linhagem de vírus só começa a partir de um período de processo evolutivo de redução do tamanho do vírus. genoma e estrutura viral como um todo."



Participe dessa discussão!

profmarcelomoreno.





Comentários

Imagem esquemática do SARS-CoV-2 exibindo a espícula glicoproteica S

Imagem esquemática do SARS-CoV-2 exibindo a  espícula glicoproteica S
Ela é responsável pelo fenômeno de adsorção, a ligação do vírus à célula, e portanto, pelo início da infecção viral. O SARS-CoV-2 se liga às células através de um receptor, a enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), presente nas superfícies de células do pulmão, do intestino, do rim, e de vasos sanguíneos. Imagem: https://www.scientificanimations.com/C&EN/Shutterstock.

Imagem esquemática do SARS-CoV-2.

Imagem esquemática do SARS-CoV-2.
Observe receptor presente na célula [ACE2] que se liga à proteína S. Human cell = célula humana; Glycoprotein = glicoproteína. Imagem: https://www.scientificanimations.com/C&EN/Shutterstock.

SARS-CoV-2 iniciando o processo de infecção.

SARS-CoV-2 iniciando o processo de infecção.
Fenômeno de adsorção - quando o vírus "toca" a célula com "segundas intenções". A menor quantidade de receptores ACE-2 nas células das crianças explicaria o fato desta faixa etária ser menor atingida por este novo coronavírus.