nCOV-2019 ou COVID-19?
Disponível em: --> https://doi.org/10.29327/737510
por Marcelo Moreno
No dia 11/02/2020 a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu um nome para a atual síndrome respiratória que coloca todo o mundo em suspense, COVID-19 (doença de coronavírus - 2019). Anteriormente, o vírus foi chamado de nCOV-2019 ou nCoV-19 (novo coronavírus 2019)*.
* O vírus que causa a COVID-19 foi referido como nCoV-2019, nome provisório do vírus que a a OMS anunciou no início.
Segundo a OMS: "O perigo quando você não tem um nome oficial é que as pessoas comecem a usar termos como 'vírus da China', e isso pode criar uma discriminação contra certas populações".
Veja a declaração de Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da OMS: - " Agora temos um nome para a a doença , e é COVID-19".
No entanto, se estabelece uma aparente confusão entre o nome da doença e o nome do vírus. Então, por receio das redes sociais, a OMS cria um nome, que a princípio pode gerar polêmica entre os próprios especialistas, pois o vírus já foi chamado de Wuhan 2020 nCoV.
O ICTV (do inglês, International Committee on Taxonomy of Viruses), que significa Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus, responsável por nomear novos vírus, também, em 11 de fevereiro de 2020, identificou na China, em Wuhan, como coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave, com, atribuindo a sigla SARS-CoV-2 (Coronavírus da síndrome respiratória aguda grave-2).
O vírus produz uma infecção que no inicio parece um resfriado, mas depois evolui para uma espécie de gripe na primeira semana. Na segunda semana, se a pessoa estiver com saúde, com boa constituição em seu sistema imunológico, ele se recupera da infecção, caso contrário, a doença avança, piorando seu quadro. Os pulmões são atingidos causando uma fibrose pulmonar, o que é extremamente grave e irreversível. Inicia-se uma fase, onde o paciente começa com uma dificuldade de respirar, dispneia, dor no peito. O indivíduo vai ficando cianótico e aí pode vir o óbito. Acontecendo principalmente nas pessoas idosas, acima de 50 anos. Os mais jovens geralmente se recuperam da infecção.
Até o momento não existe vacina ou qualquer outro tratamento específico. Tão somente aqueles voltados para os sintomas. Como o SARS-CoV-2 pode ser transmitido por animais (zoonose) deve-se evitar contato com animais desconhecidos. O morcego parece ser o reservatório natural do vírus. Admite-se até a possibilidade do gato ser o hospedeiro intermediário desse coronavírus. Não se sabe ainda.
A Síndrome Respiratória do Oriente Médio em 2012 (MERS) e a Síndrome Respiratória Aguda Grave em 2002/2003 (SARS) são outros dois exemplos de coronavírus que se originaram de animais e depois se espalharam para os seres humanos. Os principais sintomas são: febre, tosse e dificuldade de respirar.
O atual surto da doença por coronavírus (COVID-19), envolvido com pneumonia em um grupo de pessoas, foi relatado pela primeira vez em Wuhan, China, em 31 de dezembro de 2019.
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Neste momento são 2.810 mortes no mundo, com taxa de mortalidade de 3,40%, com 1 caso confirmado no Brasil. No dia 26/02/2020, a situação trouxe preocupação maior à população brasileira depois do caso de um passageiro proveniente da Itália. Lá, já são 14 mortes com 528 casos confirmados (mortalidade 2,65%) (Brasília 01:33PM)*.
* Atualizado em 04/03/2020 - 3089 casos, com 107 óbitos - taxa de mortalidade de 3,46%, ultrapassando a taxa de mortalidade global de 3,42%, no mesmo dia (Brasília 05:20PM).
Abaixo, são imagens da cidade de Milão, do dia 25/02/2020, enviadas via WhatsApp por uma amiga ( Cibelle ). Observe que existe uma linha direta com autoridades da saúde, além da recomendação de não procurar serviço médico por conta de febre ou quadro respiratório sugestivo da doença.
Tais imagens são decorrentes da desinformação e da falta de atitude do governo italiano em liderar ações de contenção desta virose. Caso as autoridades públicas tivessem uma postura mais franca, não haveria necessidade de uma corrida insana aos supermercados, evitando assim, um desabastecimento das mercadorias em função de um pânico generalizado.
O desespero ocorre quando as autoridades políticas e sanitárias dizem que está tudo bem, enquanto a população observa 10 a 20 pessoas morrerem no país em um curto intervalo de tempo!
Somente agora as autoridades de Milão definiram que as escolas, por exemplo, ficarão fechadas até 08/03/2020.
Finalmente, devemos observar que a taxa de mortalidade entre pessoas acima de 60 anos está em torno de 15-20%. A média de todos os grupos é de 2 a 3%. Por conta disso, devemos proteger nossos pais, avôs, evitando um contato mais próximo, sem beijos, apertos de mãos. Não podemos deixar de visitá-los, não é o caso, mas fazê-lo com carinho e cuidado.
Tais imagens são decorrentes da desinformação e da falta de atitude do governo italiano em liderar ações de contenção desta virose. Caso as autoridades públicas tivessem uma postura mais franca, não haveria necessidade de uma corrida insana aos supermercados, evitando assim, um desabastecimento das mercadorias em função de um pânico generalizado.
O desespero ocorre quando as autoridades políticas e sanitárias dizem que está tudo bem, enquanto a população observa 10 a 20 pessoas morrerem no país em um curto intervalo de tempo!
Somente agora as autoridades de Milão definiram que as escolas, por exemplo, ficarão fechadas até 08/03/2020.
Finalmente, devemos observar que a taxa de mortalidade entre pessoas acima de 60 anos está em torno de 15-20%. A média de todos os grupos é de 2 a 3%. Por conta disso, devemos proteger nossos pais, avôs, evitando um contato mais próximo, sem beijos, apertos de mãos. Não podemos deixar de visitá-los, não é o caso, mas fazê-lo com carinho e cuidado.
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Alguns pontos devem ser esclarecidos sobre a doença e sobre os coronavírus, em função de declarações de especialistas, como:
"É apenas mais uma doença respiratória, dentre outras inúmeras viroses já existentes. Há outras viroses com índice de letalidade muito mais elevado e não nos preocupamos nem alimentamos a industria da desinformação. A nossa postura deve ser outra, a de esclarecer e previnir e não de alarmar."
Comentou em rede social, um profissional da área de saúde.
"Neste caso, nós discordamos dessa postura, principalmente pelo fato do colega confundir os conceitos de mortalidade e transmissibilidade. Além do que, o especialista está desinformado sobre as principais causas de morte no planeta, veja figura abaixo".
Fonte: https://pebmed.com.br/as-dez-principais-causas-de-morte-no-mundo/ Acesso 27/02/2020.
Como 2/3 das doenças infecciosas são causadas por agentes virais. E as respiratórias ocupam o primeiro lugar, e por acaso, o SARS-CoV-2 é causador deste tipo de síndrome. O comentário foi de uma profunda falta de conhecimento, mesmo feito por um especialista da área.
Além do mais, não devemos confundir mortalidade com transmissibilidade. Um vírus que mata pouco, mas se espalha em vários continentes, a gripe espanhola em 1918, por exemplo, só matava 2%, mas se espalhou no mundo inteiro devido a sua alta transmissibilidade, mesmo numa era em que não havia os aviões-a-jato. Agora, se um vírus como o ébola, com uma taxa alta de mortalidade, mas que atinge 800 a 1.000 pessoas numa região específica do mundo, isso não é um problema mundial, olhando apenas números. No entanto, um vírus que atinge 1 bilhão ou mais pessoas é diferente. Aí a transmissibilidade é fator essencial, e a mortalidade deve ser avaliada em termos globais.
Prof. Marcelo Moreno
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Sobre as propriedades de persistência no meio ambiente, vale ressaltar:
"O coronavírus não tem o mesmo potencial de transmissão do vírus influenza, todavia, as autoridades devem fechar tudo. Foi assim no México em 2009 com o H1N1. Esse é o meu ponto de vista. Não precisamos de 10 óbitos para tomarmos medidas mais drásticas".
"Para o coronavírus, a transmissão aérea é muito baixa, quando comparamos com o vírus influenza. Todavia, estes vírus, apesar de serem envelopados, e teóricamente mais frágeis do que os vírus não envelopados, persistem bem em maçanetas e superfícies. Diferente do influenza, que é bem frágil e depende da transmissão aérea. Ideal é sempre estar higienizando as mãos e evitar levar as mãos ao rosto".
"Tal resistência desses vírus, o que não é bem compreendida, explica o fato de que essas partículas também estão envolvidas com doença gastrointestinal. No entanto, a rota fecal-oral não parece ser um fator importante na transmissão da COVID-19, segundo a OMS".
"Outra medida preventiva é a de limpar com frequência os lugares onde colocamos as mãos, principalmente em ambientes públicos, como corrimões, maçanetas, apoios de ônibus, mesas de escritórios e outros".
"Como o SARS-CoV-2 é um novo vírus, ninguém tem imunidade pra ele. Logo, todas as pessoas são consideradas susceptíveis".
"Por fim, para tranquilizar, as pessoas geralmente desenvolvem sinais e sintomas leves (sintomas respiratórios discretos e uma febre). Os sinais aparecem em média de 5 a 6 dias após a infecção (pode variar de 1 a 14 dias)".
"A maioria das pessoas infectadas com o SARS-CoV-2 tem uma doença leve e se recuperam naturalmente".
Veja o vídeo sobre o tempo de persistência dos coronavírus nas superfícies inanimadas:
Prof. Marcelo Moreno
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Imagem esquemática , baseada em microscopia eletrônica do coronavírus. Fonte: CDC.GOV Acesso 27/02/2020.
A proteína S é utilizada pelo vírus para entrar na célula. Anticorpos contra essa proteína (anticorpos neutralizantes) impedem que o vírion seja internalizado pela célula, ou seja, que a célula seja infectada. Portanto, esta proteína, deve ser o principal alvo de estudo para a produção de vacinas eficazes contra o SARS-CoV-2.
1. https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-nCoV/index.html Acesso 27/02/2020.
2.https://www.who.int/emergencies/diseases/novelcoronavirus-2019 Acesso 27/02/2020.
3. https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/situation-reports/20200211-sitrep-22-ncov.pdf?sfvrsn=fb6d49b1_2. Acesso 11/02/2020.
4. ICTV. International Committee on Taxonomy of Viruses. Naming the 2019 Coronavirus. https://talk.ictvonline.org/information/w/news/1300/page Acesso 13/02/2020.
5. Medical Virology. Fenner and White’s. Fifth Edition. Academic Press; 5th Edition (January, 2017).
5. Medical Virology. Fenner and White’s. Fifth Edition. Academic Press; 5th Edition (January, 2017).
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