Febre Amarela, Ética e Microcefalia
“Foram
muitíssimos os que não passaram do terceiro dia; outros morreram entrando no
quinto, e muito poucos chegaram ao sétimo”. Aquela estranha doença “aos
mancebos mais robustos e saudáveis atacava com mais violência e acabava a
vida mais depressa”.
DIOGO LOPEZ DE GOGOLLUDO, 1688.
A História da Febre Amarela daria com certeza um enredo muito interessante para Hollywood, se tivessem coragem de honrar a quem deve ser honrado; começando do desacreditado professor e médico cubano, Dr. Carlos Finlay, defensor da idéia de que sua transmissão ocorria através de mosquitos, já em 1881. Sendo, por isso, motivo de chacota no meio científico.
Nesta produção teria que incluir os "Abnegáveis da Medicina", ou seja, aqueles médicos-pesquisadores que voluntariamente ficaram expostos ao sangue contaminado, para compreender a patologia da doença e sua epidemiologia, sacrificando assim, suas próprias vidas.
Existem aqueles que se omitiram. Se recusaram a contribuir com os seus talentos acadêmicos. E ainda aqueles que fizeram propostas eticamente condenadas para suas pesquisas, e outros que colocaram em prática suas metodologias, utilizando pessoas sem o devido consentimento.
Depois que uma epidemia atingiu o Vale do Mississipi nos Estados Unidos, o Exército Norte-Americano criou uma comissão em 1900 para investigar a doença em Havana, Cuba, também atingida pela praga.
Foram chamados o Major Dr. James Carrol, o Major Dr. Jesse W. Lazear e o Major Dr. Aristides Agramonte, liderados pelo do Major Dr. Walter Reed.
Diversos experimentos foram realizados com fômites, porque se acreditava que a febre amarela era transmitida por lençóis, vômitos, e pelo contato pessoa a pessoa. Houve também quem afirmasse que a transmissão era devida a uma bactéria.
O grupo chefiado pelo Major Dr. Walter Reed decidiu realizar experimentos em seres humanos, como outros pesquisadores já haviam feito. A diferença é a abordagem da questão ética. Agora, os voluntários teriam pleno conhecimento dos riscos aos quais seriam submetidos. Ou seja, o que se aplica atualmente nos Comitês de Ética espalhados no Brasil e Mundo.
Foi então colocado em prática a chamada "auto-experimentação". Por exemplo, o Major James Carroll, bacteriologista de formação, foi um dos voluntários, assim como outros soldados do exército norte americano, em 1900.
O quadro abaixo, pintado por Dean Cornwell em 1939, retrata uma cena fictícia da equipe norte americana juntamente com o Prof. Dr. Carlos Finlay de terno azul. O entomologista Major Jesse Lazear está aplicando mosquitos infectados no Major James Carroll, de camisa branca sentado com o braço esquerdo estendido. O Major Walter Reed se encontra em pé no centro de uniforme branco. O Major Aristides Agramonte se encontra atrás do Major Lazear, à esquerda do Dr. Carlos Finlay. Além, é claro, de voluntários que também foram submetidos ao mesmo protocolo experimental.
"A Conquista da Febre Amarela", por Dean Cornweel, 1939. Todavia tal cena nunca existiu.
Através desses estudos foi possível verificar a sintomatologia da febre amarela, bem como demonstrar que o mosquito Aedes aegypti era o transmissor, confirmando a "teoria do mosquito" do Dr. Carlos Finlay. Sendo então o primeiro vírus humano descoberto, o vírus da febre amarela, causador de doença na espécie humana. Ou seja, um agente filtrável do sangue, livre de bactéria, causador da doença.
O Major Lazear, que também se deixou picar por mosquitos infectados, faleceu 1 mês depois de ter aplicado os mosquitos no Major James Carroll, em 1900, por conta da severidade da doença. O Major Walter Reed não fez parte do protocolo experimental como voluntário, mas faleceu em 1902.
Um famoso instituto militar de pesquisa localizado em Maryland, Estados Unidos, recebe o seu nome: Walter Reed Army Institute of Research.
Durante os anos que se seguiram ao longo do século XX, logo verificou que o vírus da febre amarela pantrópico (replicado nas vísceras e no sistema nervoso), poderia se adaptar ao cérebro de camundongos, perdendo em parte seu tropismo celular pelo resto do corpo, e aumentando o seu tropismo celular pelas células do cérebro. O que também foi observado em primatas não humanos.
Atualmente existe uma vacina para a febre amarela, intitulada 17D. Trata-se de um vírus atenuado cuja origem é de uma amostra africana, chamada de cepa Asibi.
Esta vacina foi gerada pela passagem em cultura de células (114 passagens em tapetes celulares diferentes (quando a cepa viral perdeu sua virulência). Inicialmente utilizou tecido de embrião de pinto, depois uma polpa de células, também de embrião de pinto, mas sem células do sistema nervoso.
Esta cepa vacinal, 17D é uma cepa atenuada, no entanto, possui neurotropismo em camundongos. Ou seja, infecta e replica em células do sistema nervoso de camundongos. Atualmente no Brasil , utiliza-ze uma cepa derivada, chamada de 17DD.
As reações e os acidentes pós vacina sempre podem ocorrer, como dor local, febre, icterícia ou mesmo encefalite. Mas sem dúvida esta vacina é muito segura e eficiente. Mesmo considerando uma taxa de óbito hipotética na ordem de 1 para 100 milhões.
Contudo, as arboviroses estão aí. A população brasileira sabe que o Aedes aegypti pode carrear até 7 vírus (zika, febre amarela, chigunkunya, dengue-1, -2, -3 e -4). E até onde o fenômeno imunológico "pecado antigênico original " pode influenciar outras arboviroses ?
Veja o post: Dengue: A vacina chegou ?
Ia me esquecendo! Quando estive na cidade de Recife em fevereiro de 2016, almoçando com uma assistente social no Shopping Rio Mar, ela fez o seguinte comentário: - Só vejo microcefalia nas áreas pobres.
Graças a Deus. Não podemos deixar de agradecer. Mas atualmente a mídia não fala mais em crianças com microcefalia.
O que realmente aconteceu? O que está acontecendo nesse momento?
Continua ...Aguardem !!! Fase de Redação do texto.
Referencias
https://www.ufrgs.br/bioetica/finlay.htm. Acesso 13/02/2017.
http://www.pbs.org/wgbh/amex/fever/peopleevents/e_science.html. Acesso 13/02/2017.
Otto Bier. Microbiologia e Imunologia. Editora Melhoramentos, 1985.
Comentários
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