Visita à FIOCRUZ Pernambuco



Prof. Marcelo Moreno em visita ao Laboratório de Virologia da Fiocruz-PE. Recife, Brazil. Abril/2017.


Nos dias 18 e 19 de abril o Prof. Marcelo Moreno esteve na Fiocruz Pernambuco para avaliar projetos financiados pela FACEPE [Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco], e desenvolvidos na Fiocruz–PE. Na ocasião o Prof. Marcelo Moreno conheceu as instalações do Laboratório de Virologia a convite do coordenador, Dr. Rafael Dhalia.
 
O Dr. Rafael Dhalia expôs a atual situação dos testes em humanos da primeira vacina brasileira da dengue, desenvolvida pelo Instituto Butantan (SP). Uma vacina atenuada recombinante para os tipos 1, 2, 3 e 4.

Nesta fase de teste da vacina, denominado de Fase III*,  a equipe da Fiocruz tem se esforçado para a adesão das pessoas, bastando apenas estar com idade entre 2 e 59 anos e gozar de boa saúde. Trata-se de trabalho de campo árduo onde as agentes de saúde precisam "garimpar" estes voluntários.
Mas de acordo com o Dr. Rafael Dhalia, até a presente data, o cronograma não sofreu nenhum problema de continuidade.

Antes de ser oferecida à população, a vacina é estudada em modelos animais (estudos pré-clínicos). Em seguida, ela precisa ser estudada em humanos (estudos clínicos). Na fase I, o objetivo é demonstrar que a vacina está apta a ser utilizada em humanos. Em seguida, na fase II, observa-se a capacidade da vacina em  estimular o sistema imunológico para a produção de anticorpos. Por fim, na fase III, busca-se a comprovação de que a pessoa vacinada está protegida contra a infecção.
Retirado de http://www.butantan.gov.br/butantan/dengue/Paginas/default.aspx. 
Acesso 23/04/2017. 05:55PM.


Na ocasião, também, conversamos com outro membro da equipe, Dr. Rafael Franca, a respeito da questão da microcefalia. À respeito da doença congênita, ele acrescentou as seguintes informações que corroboram para a etiologia desta síndrome:

"Diversos estudos publicados por grupos independentes corroboram Zika como responsável pela microcefalia.

- Estudos com modelos animais.
- Presença do vírus em tecidos de fetos microcéfalos.
- Presença de IgM no LCR de microcéfalos - correlacionados com altos títulos de anticorpos neutralizantes.
- Elevado neurotropismo viral.
- Persistência dos vírus no SNC de microcéfalos."



Em abril de 2016, a Organização Mundial de Saúde afirma, baseados nos Critério de Shepard de 1996, que o agente causador da microcefalia em recém nascidos no Brasil, desde maio de 2015, é o ZIKV. E agora, portanto, criando o termo Síndrome da Zika Congênita.
Sheppard em 1996 estabelece critérios para associar doenças congênitas e suas causas biológicas plausíveis. O que se estranha aqui nesta situação é o fato do Dr. Bruce Aylward da OMS, cerca de 1 mês antes, ter declarado o seguinte: - Até que se prove o contrário, o vírus Zika é o causador da microcefalia.
Evidencia-se aqui uma resposta  da OMS à população. A OMS não considera o aspecto científico-acadêmico. Futuras gerações irão desconhecer ou desprezar fundamentos da Microbiologia, como por exemplo, o reconhecimento dos Postulados de Koch, de 1882, que estabelece para cada doença um agente etiológico específico.

Pesquisas em maio de 2016 demostraram que o ZIKV é excretado em vários fluidos corporais, como urina e saliva. Além de ter sido detectado no líquido amniótico em mulheres gestantes. Sendo, portanto, amostras apropriadas para avaliar a doença pelo ZIKV. Todavia, segundo minha opinião, estes achados não são ainda conclusivos e suficientes para implicar o ZIKV como o agente causador da microcefalia. Visto que os Postulados de Koch ainda não foram estabelecidos. Logo, o correto seria a OMS aguardar mais estudos sobre este vírus relacionados à microcefalia, para que futuramente sua credibilidade não sofra por conta dessa atitude.

Sobre a minha visita à Recife em 2016 (Post anterior), quando disse que a Assistente Social relatou que somente observava microcefalia em áreas carentes, o Dr. Rafael Franca concluiu: -  Não tem mosquito no apartamento alto, já em áreas pobres, o índice de infestação é alto.

Continua...



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Imagem esquemática do SARS-CoV-2 exibindo a espícula glicoproteica S

Imagem esquemática do SARS-CoV-2 exibindo a  espícula glicoproteica S
Ela é responsável pelo fenômeno de adsorção, a ligação do vírus à célula, e portanto, pelo início da infecção viral. O SARS-CoV-2 se liga às células através de um receptor, a enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), presente nas superfícies de células do pulmão, do intestino, do rim, e de vasos sanguíneos. Imagem: https://www.scientificanimations.com/C&EN/Shutterstock.

Imagem esquemática do SARS-CoV-2.

Imagem esquemática do SARS-CoV-2.
Observe receptor presente na célula [ACE2] que se liga à proteína S. Human cell = célula humana; Glycoprotein = glicoproteína. Imagem: https://www.scientificanimations.com/C&EN/Shutterstock.

SARS-CoV-2 iniciando o processo de infecção.

SARS-CoV-2 iniciando o processo de infecção.
Fenômeno de adsorção - quando o vírus "toca" a célula com "segundas intenções". A menor quantidade de receptores ACE-2 nas células das crianças explicaria o fato desta faixa etária ser menor atingida por este novo coronavírus.