Variante Delta: É o fim da pandemia? Imunização em massa pela variante indiana?
Atualizado em 14/10/2021.
* Durante a infecção viral nossas células produzem interferon para inibir a fabricação, a produção de vírus por nossas células. Todavia, a frase está errada, porque o interferon não impede que nossas células sejam infectadas. Além do mais, certamente, a maior parte da população da Paraíba não estava infectada com esse vírus mencionado (o causador da diarréia) em Janeiro/ Fevereiro de 2020.
Podemos ainda extrair da Virologia inúmeros exemplos, como o que ocorre com os bezerros de poucos meses de vida. Esses animais por volta de 3 meses de idade, após a queda dos anticorpos protetores, adquiridos passivamente durante a gestação, podem apresentar um quadro diarréico por conta da infecção por coronavírus. A gravidade desse quadro está associada à dose da carga viral infectante. Ao mesmo tempo, coinfecções com outros agentes entéricos, como rotavírus, torovírus, e até bactérias enteropatogênicas são comuns de ocorrerem; e tais infecções adicionais, sobrecarregam o sistema imune, aumentando a gravidade dos sintomas. Enfim, a frase acima demonstra que se trata de uma pessoa da área de saúde bastante limitada. E caso ocupe cargo de chefia ou de decisão técnica, certamente deixou e deixará um rastro de cadáveres em sua trilha profissional.
Veja também através do mapa abaixo, casos da COVID-19 no mundo. Observe a "fraca" China, geneticamente falando, dita por ele, com a menor quantidade de pontos vermelhos (com menos covid). Como deve estar se sentindo esse "profissional" agora com tanta desinformação, com aparência de sabedoria e conhecimento, que disseminou?
Foram esses tipos de "impropérios acadêmicos" que ouvimos logo no início da pandemia. Com ar de conhecimento, semelhantes a "mestres do saber". Na época, denunciamos tais idiossincrasias nefastas, lamentavelmente divulgadas por pessoas que deveriam orientar a população e não trazer conceitos e pensamentos primários do século XVII para o atual. Ou pararam no tempo, ou seus mestres pararam de estudar, ou não são da área da Virologia (acredito que seja esse o caso, mas isso não exclui suas responsabilidades). Não sei o que é pior!
Estamos diante agora de um novo quadro epidemiológico. Ou seja, uma variante do SARS-CoV-2 que pode permitir a humanidade seguir em frente. Uma variante mais infecciosa, e portanto, apresentando maior transmissibilidade quando comparada às outras variantes, mesmo em indivíduos vacinados.
Os dados abaixo sobre a transmissão da variante indiana, chamada Delta pela OMS, mostram a variante tão transmissível quanto à varíola humana ou até mais. No entanto, com uma taxa de mortalidade não superior à linhagem original do SARS-CoV-2, e que alguns países registram queda na sua taxa de mortalidade, mesmo em não vacinados.
Os dados da figura a seguir revelam que:
A variante delta é mais transmissível do que:
- a MERS & SARS
- o Ébola
- o Resfriado comum
- a Gripe sazonal e gripe de 1918 (a “espanhola” assassina)
- a Varíola
E a variante delta é tão transmissível quanto a Catapora!
Peço permissão aos da Fé, com todo o respeito, mas nesse momento Deus pode ter "lançado" a vacina natural (a selecionada, epidemiologicamente) que irá imunizar toda a espécie humana, empurrando esse novo coronavírus, o SARS-CoV-2, para a sazonalidade*, semelhante aos vírus da gripe influenza que circulam no planeta anualmente, causando surtos esporádicos, combatidos com as vacinas próprias, em que não há necessidade de vacinação em massa.
Aliás, a variante DELTA se aproxima em vários aspectos do vírus influenza. Uma disseminação mais homogênea (aliada ao "cluster"), sintomas clínicos semelhantes e presença no trato respiratório superior em menos tempo do que a linhagem original do SARS-CoV-2.
* A sazonalidade ou periodicidade de uma determinada doença é comum nas infecções respiratórias. Por exemplo, a gripe ocorre através de um padrão cíclico anual, causando epidemias entre idosos e crianças em idade escolar.
Em relação aos imunizantes, vale destacar que uma vacina que não impede a infecção e/ou a circulação do vírus parece não ser algo inteligente. As pessoas leigas observam esse comportamento da Ciência e dos cientistas. Vejamos, por exemplo, o que está ocorrendo em Israel nesse momento. A aplicação da 3a dose da vacina, onde o Primeiro-Ministro diz ser uma "medida audaciosa".
Enfim, considerando os fatos descritos, e sem medidas experimentais contínuas na humanidade, acreditamos que a solução pode ser fornecida pela evolução. Um vírus que ataca pela primeira vez é muito agressivo, à medida que se adapta aos humanos sua virulência vai reduzindo. É exatamente isso que a variante Indiana nos mostra hoje. Alta transmissão e consequente queda na taxa de mortalidade.
Por outro lado, deve se considerar de que quando a disseminação de um patógeno é bloqueada por medidas de contenção, seja por conta da imunidade de grupo através de vacinas ou não, não existe espaço para o surgimento de variantes mais virulentas. Mas, por sua vez, para que uma linhagem ou variante mais atenuada prevaleça é necessário que haja maior transmissão do patógeno.
Vacina ou infecção natural: o que protege mais?
É também uma pergunta a qual pode ser respondida com princípios básicos da Imunologia, que para muitos apoiadores da Ciência, estão sendo abandonados.
No caso das infecções respiratórias virais naturais, ocorre o estímulo para a produção de anticorpos das classes IgA e IgG. Enquanto a IgG protege os pulmões (trato respiratório inferior), as imunoglobulinas da classe IgA cobrem as mucosas do trato respiratório superior (boca, garganta e nasofaringe), protegendo essa região.
Já nas imunizações, com as atuais "vacinas" para a SARS-2 (covid), não ocorre uma resposta adequada para a produção de IgA. Tão somente existe a produção de IgG. Ou seja, havendo produção de anticorpos neutralizantes da classe IgG, os pulmões estarão protegidos, o que certamente acarretará um quadro clínico menos severo para o vacinado infectado. Por isso que as pessoas vacinadas continuam eliminando grandes quantidades de partículas virais pela boca e nariz.
Isso explicaria porque dentro de um grupo que formou aglomeração, por exemplo, pessoas que viajaram de avião, apenas aqueles que foram vacinados, mesmo com duas doses, se tornaram infectados e positivos para a detecção de vírus no trato respiratório superior, diferente daqueles não vacinados que foram infectados e reinfectados naturalmente. Estes últimos, quando da pesquisa de vírus pelo PCR se mostrarão negativos - a IgA presente na mucosa oral deu conta de neutralizar as partículas que ali entraram. Portanto, passaporte da vacina não tem nada de científico! Mas por outro lado, os defensores de tal passe se baseiam no fato de que é melhor IgG no pulmão do que nada! Como ocorre com a vacina da gripe aplicada anualmente, onde muitos vacinados relatam que "perceberam" a gripe chegar, mas com menos intensidade - uma tipo de "gripe fraca". Será que haverá passaporte para ela também? Haverá limites para o controle do Estado?
Além do mais, as pessoas que foram infectadas e reinfectadas com o SARS-CoV-2 naturalmente, devem apresentar altos títulos de anticorpos neutralizantes presentes no sangue (IgG) e na mucosa (IgA).
Alguém poderia até dizer: – Estou mais protegido perto de uma pessoa não vacinada, mas infectada e reinfectada pelo novo coronavírus, do que perto de uma vacinada com duas ou até três doses.
E o que fazer com essas pessoas? Visto que nesse momento estão excluídas, ou seja, são agora cidadãos indesejados!
O que é esperado de um vírus?
Do material genético mais simples ao mais complexo, como o nosso, existem Leis da Natureza que governam essas macromoléculas, seja RNA no caso do novo corona, ou DNA, no nosso caso. Essa dinâmica natural "empurra" essas moléculas para a perpetuação na superfície do planeta. Por exemplo, se algum fator externo, como a vacina, trabalha no sentido contrário, essa entidade viral irá caminhar para anular a ação, gerando aí as variantes genéticas (Príncípio de Le Chatelier).
Nesse ponto, devemos corrigir um conceito errôneo, que lamentavelmente é ensinado até os dias atuais para nossos futuros profissionais da saúde. O fato do patógeno procurar perpetuar seu genoma na superfície do planeta, não significa que a sua virulência vai cair. O processo evolutivo de propagação eficiente do seu genoma, não está associado obrigatoriamente a uma baixa de virulência.
Mas vale destacar aqui um modelo de coevolução entre parasita-hospedeiro interessante ocorrido na Austrália, quando da introdução do vírus da mixomatose para controlar a população de coelhos; coelhos esses que se tornaram uma praga no território australiano – ilustram o exemplo. Com o passar dos anos, a virulência do patógeno viral caiu, e a resistência desses coelhos aumentou (a mortalidade caiu de quase 95% para cerca de 30%). Deve ficar claro através desse modelo, que para a linhagem mais atenuada se tornar prevalente, há a necessidade de uma maior taxa de transmissão, o que pode estar ocorrendo com a variante DELTA. Parece que vírus e sistema imune entram num acordo. Talvez o terror das variantes esteja nesse momento nos ajudando.
Os impactos sobre tudo o que está ocorrendo devem ser analisados. Os imunizantes atuais devem ser estudados. Será que desencadearam o surgimento de mais variantes? Mais ou menos virulentas ? Não sei responder nesse momento. De certo, teremos que conviver com essa realidade; já prevista por estudiosos da área desde a década de 1960, em relação aos patógenos e epidemias.
E como vencer uma pandemia?
Talvez essa seja a pergunta que devemos fazer. E nesse contexto, contribuo aqui com uma breve reflexão em função do que estudei e vi desde Janeiro de 2020:
– É algo natural, fazemos isso há milênios. Nos preparamos para o Grande Dilúvio, feito Noé. Plantamos e estocamos durante as “vacas gordas”, como fez José. Não tem segredo. Veja o exemplo na Oceania. Baseado na Escola de Virologia Australiana, realizou medidas que fizeram com que a pandemia fosse controlada nesse país durante meses, embora o número de casos esteja crescendo nesse período devido a presença da variante DELTA (corresponde a 98,9% das cepas circulantes no país detectadas nas últimas duas semanas *). Mas, por favor, não caia no discurso comum dizendo que a Austrália "se deu bem" porque é uma ilha (em toda o pandemia são cerca de 36.000 casos com 939 óbitos pela Covid-19 até a presente data). A Austrália fez um Lockdow correto, e não assassino, como a Itália e muitos países fizeram no início da pandemia, gerando na época a marca assustadora de 1.000 óbitos diários no país latino. Especificamente no Brasil, foi realizado exatamente o modelo de lockdown italiano, tranca todo mundo infectado em casa; quando sabemos que desde a década de 1970, através de livros e artigos de referências que já alertavam sobre a principal forma de disseminação dos coronavírus – a ocorrência elevada da transmissão em ambientes familiares; em grupos reunidos, daí o nome “cluster”, em português, grupo, aglomerado.
* https://ourworldindata.org/explorers/coronavirus-data-explorer?facet=none&pickerSort=asc&pickerMetric=location&Metric=Variants&Interval=New+per+day&Relative+to+Population=false&Align+outbreaks=false&country=~AUS. Acesso 07/08/2021.
Talvez, o terror das variantes esteja durante a escrita desse texto nos ajudando. Vamos aguardar com Fé, e de olhos vivos e abertos nos dados.
Enquanto isso, vou marcar minha 2a dose essa semana. Façamos nossa parte para o bem da coletividade. Breve, imagens!
Obg
Prof Marcelo Moreno
REFERÊNCIAS
1. https://www.youtube.com/watch?v=Fu51hbO9fSc&t=117s Acesso 05/08/21.
2. https://www.youtube.com/watch?v=jbz41yGfdys Acesso 05/08/21.
3. https://www.youtube.com/watch?v=3exijYdIxdE Acesso 05/08/21.
4. https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/variants/delta-variant.html Acesso 06/08/21.
5. Fields, B. N., et al. FIELDS VIROLOGY. 6ed. Filadélfia: Lippincott & Wilkins, 2013. v. 1, 2.
6. Medical Virology: Fenner and White’s. Fifth Edition. Academic Press; 5th Edition (January, 2017).
7.https://g1.globo.com/bemestar/vacina/noticia/2021/07/30/presidente-de-israel-recebe-3a-dose-da-vacina-da-pfizer-contra-covid.ghtml Acesso 06/08/2021.
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