Mary Shelley e a Origem da Vida

por Marcelo Moreno





FRANKENSTEIN 

 ou o PROMETEU MODERNO 


1818

por Mary Shelley


"Mary Wollstonecraft Godwin com apenas 18 anos, a partir de um sono profundo, concebeu Frankenstein, obra pioneira da ficção científica. Sua primeira edição foi publicada em 1818, abrindo caminho para a imaginação popular sobre a criação de um ser vivo monstruoso que aterrizou seus contemporâneos e causa arrepios até os dias atuais."


"O título já é uma obra de arte"


"Fixado em sua mente a indagação mais primitiva e racional do ser humano: – Qual a origem da vida?. O Dr. Victor Frankenstein busca a resposta exatamente no lugar menos provável, no cemitério"

O Paradoxo de Shelley


Sem pretensão ou premeditação, seu Prometeu foi criado.


Nos séculos XVIII e XIX a humanidade atingiu o momento das grandes observações e indagações que marcaria as próximas gerações. As mentes estão aguçadas para revelar os segredos da vida ou a sua origem. Os experimentos tomam parte do cotidiano da sociedade européia. Lembra um grande circo onde todos querem participar, ou como mero espectadores ou como empíricos. É claro que por detrás existem as mentes brilhantes que iniciaram o método científico. Entre tantos, destaca-se o inglês Michael Faraday e as suas duas Leis da Eletrólise (uso da Eletricidade para decompor compostos químicos), explicando as alterações de massa que ocorrem nos eletrodos mergulhados em uma solução salina – o conceito aqui de Equivalente-grama aqui é imprescíndivel; no entanto, nos dias atuais de 2021 está relegado ao esquecimento (próxima postagem!).

Nesse contexto social destacamos uma jovem de 18 anos, Srta. Mary Wollstonecraft Godwin (1797-1851), amante do também jovem famoso poeta e romancista inglês, Percy Bysshe Shelley, 23 anos (1792-1822). Meses após o suicídio da esposa de Percy, Harriet Westbrook, 21 anos, (1795-1816), Mary Godwin se casa com com Percy e adota o nome  Mary Shelley. Observamos pessoas tão jovens diante de decisões tão importantes. 

Os críticos são categóricos: "A obra é maior do que a escritora, assim como a criatura tomou o nome de seu criador, Dr. Victor Franskenstein". 

O romance gótico ou a obra de ficção Frankenstein ou o Prometeu Moderno* rompeu dois séculos de existência, e se tornou mais famoso do que a jovem de 18 anos. Um clássico da Ficção Científica ou uma fascinante história de terror, medo e pavor?

* Prometeu na Mitologia Grega foi aquele que roubou o fogo dos deuses para dar a humanidade. O Titã que enfrentou e enganou o Olimpo. Foi o criador da raça humana.


Mary W. Godwin nasceu em Londres, Inglaterra, em 30 de agosto no ano de 1797 [Napoleão estava com 28 anos, e possuía a patente de General do Exército Francês]. Mary, também era o nome de sua mãe, uma ativista radical, que faleceu cerca de 10 dias após o seu nascimento. Seu pai, também foi escritor; um novelista e filósofo radical. Talvez explique sua aproximação a Percy B. Shelley.

Conheceu Percy Shelley, em 1814, com 15 anos. Foi amor à primeira. E em dezembro de 1816, após o suicídio de Harriet Shelley, a esposa de Percy Shelley, casaram, e  permaneceram juntos até 1822, quando Percy morreu afogado [nesse mesmo ano nasceu Louis Pasteur, e D. Pedro I declara independência do Brasil]. Percy Shelley morreu no 7º  ano de seu casamento em um naufrágio do seu próprio barco, batizado de Ariel. Percy foi o único amor de Mary Shelley.

Talvez o momento de sua existência com grandes descobertas ocorrendo, além de grandes mudanças no cenário de seu mundo e  grandes indagações sendo feitas por seus contemporâneos, aliados as suas tragédias pessoais desde a infância, forjaram a jovem, ainda com 17 anos, esculpir o seu Prometeu Moderno em 1816; e reeditá-lo em 1831. Frankenstein parece nos assustar até os dias atuais, além de provocar inquietações, como: O que é a vida? Qual a origem da vida? De onde ela veio? Podemos manipulá-la? Se, sim. Como?

Alguns experimentos sobre tais questionamentos já pertenciam às rodas da sociedade, principalmente aqueles mais letrados, como Mary e Percy. Um interessante ensaio, popularizado na época, é o do pássaro na bomba de vácuo, registrado na tela do artista Wright em 1768, abaixo:

Tela de Joseph Wright de 1768. Tal experimento causava horror e espanto nos presentes. Observe o toque do Iluminismo e sua estética, peculiar do século XVIII. A luz do centro ilumina todas as faces presentes; até a do garoto na janela, mais afastado e encoberto pelos mais próximos à mesa; junto a única entrada de luz lunar cintilante. De um extremo a outro da tela vemos um casal trocando olhares lúbricos, e um senhor sentado com a cabeça baixa, talvez pensando: - O que estamos fazendo? Brincando de Deus? Ou querendo ser Deus? Do lado, duas crianças, e uma delas sendo, talvez consolada pelo adulto, quem sabe o pai! A menor, mais corajosa fixa os seus olhos no pássaro. Abaixo do casal alheios ao experimento, um jovem e mais um garoto atentos ao desfecho do operador; que no centro com o olhar fixo, parece aguardar a ordem do espectador: - Abra a bomba e dê vida novamente ao pássaro.



Detalhe do operador no experimento da bomba de vácuo. A ave ainda com um resto de vida, há pouco de desfalecer e retornar à vida ou não. Seus pulmões podem "explodir" quando do retorno da pressão atmosférica, provocando hemorragias internas no animal, e consequentemente sua morte – fim da vida. Todavia, grande parte da compreensão do ensaio, ainda era de conhecimento, como trocas gasosas e os experimentos de Torricelli sobre pressão atmosférica estavam agora sendo colocados à prova. Vida ou morte. Alegria ou pavor.





Réplica da bomba de ar


Existam ainda aqueles outros que faziam com que uma perna de rã se mexesse com  a passagem de uma corrente, fluxo ou faísca elétrica; recém descoberta por

"Tão somente uma adolescente de dezesseis anos , que fugiu para o continente com o poeta já casado Percy Bysshe Shelley (1792-1822) no final de julho de 1814. O que mais tarde, após suicídio da esposa de Percy, Mary se tornaria sua esposa."

Mary também recebeu educação científica indiretamente de seu pai, um famoso romancista e filósofo político. Recebia visitas de muitos escritores e intelectuais famosos. Essas visitas eram acompanhadas inclusive de cientistas, William Nicholson (1753–1815), renomado químico da época. Foi também um inventor – criou o densímetro entre outras invenções. Teria Mary se inspirado na criatividade de Nicholson?

Na biografia oficial dos Godwins e dos Shelleys, conta que William Godwin recorreu a Nicholson para obter informações sobre as últimas teorias em química, física, óptica, biologia e outras ciências naturais” e para “ seu conselho sobre o método científico.

Certamente teve uma edução não somente literária, mas também próxima às ciências da natureza, como física, biologia e química.

Com certeza, a educação de Mary, a influencia dos amigos do pai, a roda da sociedade que ela frequentava, o circulo de amizades ofereciam conversas de alto nível intelectual sobre todos os aspectos relevantes de uma sociedade culta e intelectual. Acrescido pela inquietude do pensamento humano sobre a Criação e a Origem da Vida.

Mas pegar pedaços de cadáveres e remontá-los para um experimento, no mínimo, repulsivo, parece mostrar mais sobre a ousadia do pensamento humano. Frankesntein não foi criado num sonho de alguns segundos ou minutos, mas este adormecer da jovem foi o estopim de toda a carga de pólvora que Mary colecionou ao longo de sua pouca existência, se é que podemos falar assim!

O sonho estorou nela uma liga das partes soltas de sua vida, ou seja , Frankenstein foi gerado antes na sua mente por partes separadas, cada um sendo contribuída na sua imaginação inquieta e ávida por respostas. Resposta essas que todos nós fazemos ao longo de nossa breve existência nesse mundo.

Seu amante, Percy Shelley, quando a conheceu, tinha 20 anos e uma carreira sedimentada na literatura. Mary estava cercada pela Ciência Empírica do seu tempo. Teve conhecimento  de artigos e frequentou apresentações desse gênero. Quando Mary conheceu Percy, teve a certeza do seu interesse pela Ciência. Percy tinha contato com   James Watt ; o  filósofo natural Erasmus Darwin (1731-1802), avô de Charles Darwin; Joseph Priestley (1733-1804), e com os trabalhos de Benjamin Franklin sobre a Eletricidade. Mary assistia palestras em Londres sobre química e eletricidade nesta época, verdadeiros ambientes de recreação.

Mesmo Percy, em 1811,  construiu sua própria pipa elétrica, gerando faíscas elétricas e armazenou o "fluido" de eletricidade em potes de Leyden: o que certamente essas ações forneceram a base para os experimentos elétricos para a criação de  do monstro (Frankenstein)

Mary e Percy, em 28 de dezembro de 1814, compareceram ao “Theatre of Grand Philosophical Recreations” no Great Room, Spring Gardens, onde o famoso Professor Garnerin ministrou uma palestra intitulada “Eletricidade, Gases, Phantasmagoria e Esportes Hidráulicos". 

Em Genebra, junho de 1816, durante o verão mais frio já registrado, quando Percy e Shelley "fugiram" para o continente ficaram acomodados na mansão de  Lord Byron. Está registrado que em muitas das conversas de Byron e Percy, os dois escritores indagavam a respeito da natureza e do Princípio da Vida.

Mas foi no galvanismo e os experimentos de reanimação de rãs fragmentadas que devem ter ficado gravados na mente de Shelley. Mais a frente.

Shelley estava pronta para escrever sua novela científica gótica, faltava apenas um empurrão, um desafio. Isso começou quando Lord Byron fez um desafio numa espécie de competição: Quem escreveria a história mais assustadora de fantasmas?

Na construção de seu Frankenstein ela pode ter buscado refugio acadêmico no livro de Sir Humphry Davy (1778-1829), Elements of Chemical Philosophy (1812).

O inglês John Dalton (1766-1844), o da Teoria Atômica, o italiano Amedeo Avogadro (1776-1856)  foram seu seus contemporâneos. Díficil imaginar uma jovem tendo sido criada na prática da leitura, não se interessar pelos acontencimentos da Ciência Moderna que estava no seu embrião e com grandes avanços. Foi contemporânea de grandes nomes da Ciência. O método da leitura estava forjado desde sua infância, na educação do lar. Mary Shelley não foi uma invenção do acaso, mas produto de seu tempo, que buscava respostas para as indagações da sociedade da época, seus  maiores conflitos e problemas cotidianos a serem resolvidos e/ou explicados à luz da racionalidade e estudo.

Pasteur nasceu nesse mesmo século, em 182 (já mencionado). E as  perguntas perduraram, e sem respostas. Alguns conceitos já existem sobre a vida de pequenos animálculos. Idéias sobre a transmissão de doenças que acometem a humanidade já fazem parte do conhecimento popular e científico; ou seja, a transmissão de enfermidades por  meio de pessoas doentes (Contagium) ou de cadáveres (miasmas).

Diversas experimentos já haviam sido feitos para verificar de que forma a vida é gerada. Abordagens essas que certamente também eram e conhecimento de Mary Shelley.

Doenças como a sífilis ou mesmo a raiva foram estabelecidas como Contagium, e já a gripe, a qual dependia de estar presente em certos ambientes, era conhecida por ser uma doença de origem miasmática, daí o nome influenza, decorrente da influência do ar.

Nosso foco é o estudo. O exemplo de vida e o legado da mulher e da menina. Mary transcreveu para a humanidade um valioso documento. Ela precisou de 18 anos de vida para cumprir essa tarefa, despertada por um monstruoso sono.  Trata-se de uma obra que deveria ser abordada em toda a sua profundidade, para que nossas crianças não se tornassem monstros excluídos ou "Victors Frankensteins". Ou que nossas condutas fossem pautadas na diligência ética nas coisas científicas.   

O imaginário popular sobre a Ciência e questões morais e éticas envolvidas fazem com que esta obra de ficção científica seja a pioneira de muitas. Afinal de contas, a Ciência Moderna está começando nos séculos XVIII e XIX.

Frankenstein é fruto da imaginação de uma jovem de dezessete anos numa escapada romântica  de verão nas margens do Lago de Genebra em resposta a um “desafio” de criar uma história de fantasmas. A própria historia real de fugir com o amante da Ilha Britânica para o continente já daria uma excelente novela, acrescentado, é claro,  pelos episódios das férias de verão mais a liberdade poética. Se a criatura não tivesse sido criada, sua vida já seria uma novela digna de um bestseller, com fugas, paixões, tragédias com suas perdas prematuras de seus filhos e o naufrágio no Ariel, de seu amante e esposo, Percy Shelley.

Atualmente, no imaginário popular seria possível hoje criar tal ser?

Duvido. Penso eu.

A fusão marcante de ciência, ética e expressão literária de Mary Shelley oferece uma oportunidade para refletir sobre como a ciência é enquadrada e entendida pelo público leigo. 

As inovações científicas e tecnológicas, utilizando a biologia sintética, a genômica, a robótica,   e o atual conhecimento da medicina permitiria nossa geração se tornar o verdadeiro e real Prometeu Moderno?

E a ética na Ciência cederia  esse espaço em prol do bem maior e da conquista biotecnológica, produzindo clones em escala industrial? Para realizarem trabalhos que a nossa espécie não teria condições ou mesmo sendo encaradas como atividades desumanas.

O quanto estamos perto dessa conquista? Ou para alguns, dessa aberração social. 

Na versão de 1831, os trabalhos experimentais de Faraday já eram conhecidos.

A mente de Prometeu faz de nossos sonhos, talvez porque fomos criados por esse Titã ou pelo sopro de vida do Deus Bíblico, a humanidade ainda busca o seu Frankenstein. Vale a pena ler a obra de ficção de Mary Shelley na íntegra e vislumbrar as conseqüências de tais iniciativas. 

Frankenstein de Mary Shelley pode ser visto como um conto de advertência para as mentes ilimitadas da raça humana? Ou uma "chamada" para aqueles que desejam brincar de Deus?

De qualquer forma, nosso foco é a origem da vida. Como criá-la? É possível com as atuais tecnologias e conhecimentos da medicina moderna? Quais as conseqüências ?


Mary faleceu em 1º de fevereiro de 1851.



Cenas de MARY SHELLEY da Parallel Films/Gidden Media & Julliete Films, 2017. Mary, junto com Percy Shelley assistem a uma demonstração do Galvanismo nos corpos inanimados; a contração muscular provocada por meio de corrente elétrica dos membros posteriores de uma rã morta, privada de sua cabeça.

O nome é devido aos trabalhos de bioeletricidade do professor de Anatomia da Universidade de Bolonha, Itália, Luigi Galvani (1737-1798). Estudos esses que eram de conhecimento de Mary Shelley.

Esses experimentos associaram a eletricidade à vida - a reanimação dos mortos. Faltava pouco para a criatura ser reanimada. Aos poucos, um a um,  "pedaços" da criatura estavam sendo costurados na mente da jovem Mary.

Ainda fascina nossos jovens cientistas por ser um conhecimento proibido?

Por exemplo, seria o atual SARS-CoV-2 um "Frankenvirus"? Montado dentro de um laboratório? Seria nosso monstro galvanizado do século XXI?

O conto de Mary Shelley fala também sobre exclusão, abandono, estética, padrão do que é belo, indiferença, e as consequências quando desprezamos as individualidades.

Trazendo para uma realidade mais próxima, quando desprezamos pessoas, talentos, povos e nações, ou mesmos ditos "problemas". As conseqüências são terríveis. Jornais diários, programas de TV e a própria história da humanidade recente está repleta de exemplos. 

A continuação do texto entrego para juristas, juízes, advogados e cortes internacionais. Sem dúvidas, serão necessárias novas leis para administrar o futuro tecnobiológico da raça humana e seus monstros.



Notas históricas e comentários sobre a época:


1. As Revoluções Liberais de 1789/1848 lideradas pela então burguesia da época se aliam aos trabalhadores (Proletariados), através de suas propostas Liberais Burguesas ( liberação econômica, livre inciativa, livre cambismo). Num momento de profundas desigualdades sociais, onde uma minoria do clero e nobres controlam a riqueza e o pdoer, sobrepondo-se a uma massa popular desempregada, expropriada e faminta. Esse período da História da Humanidade é chamado de ILUMINISMO, com o apoio do Proletariado a Burguesia chega ao poder, momentaneamente desbanca a Aristocracia, se afasta do proletariado – Revolução de 1848 (em função do surgimento da Ideologia Socialista), e depois se alia à Aristocracia para deter o avanço do Proletariado (1848-1870).

2. Era do terror da Revolução Francesa, 1792-1794. Período mais radical da revolução. Em 8 de maio de 1794, Antoine Laurent de Lavoisier foi guilhotinado (quando o inglês Michael Faraday estava dando seus primeiros passos com apenas 3 anos de idade). Lavoisier é considerado o Pai da Química Moderna.

3. O século  onde os iluminados coexistiam com os terroristas!


Reino do Terror. Incontáveis corpos separados de suas cabeças; enquanto o "Homem Monstro", o radical terrorista, bebe o sangue dos decapitados em tempo real. O  lado sanguinário da Revolução Francesa mostra que a realidade pode ser mais impactante do que a ficção dos livros e produções cinematográficas. A canção revolucionária de 1792, de Claude de Lisle, a qual se tornaria o hino da França,  La Marseillaise – Marselhesa na língua portuguesa, até os dias atuais não faz parte da abordagem das aulas de francês do Ensino Fundamental (no antigo 1˚ Grau das décadas de 1970 e 1980 no Brasil). Curioso, não? 



Antoine Laurent Lavoisier (Paris, 1743-1794), e sua esposa, em 1788 – pintura de Jacques-Louis David (1748-1825).


4. Lavoisier, o químico revolucionário que a Revolução Francesa matou.


5. Era das Consolidações , 1794-1815. Grande Burguesia volta ao poder. Napoleão é Consul e depois Imperador da França.

6. A partir de 1815 ocorre uma expansão das ideias Iluministas, é um modelo revolucionário  

7. Diversas ondas revolucionárias são geradas para derrubar a Ordem Aristrocrática

8. Nesse momento de 1848-1870 surge a Ideologia Socialista em função do seu crescimento numérico e a formação do Proletariado Rural, nesse contexto os regimes populares são originados.

9. Todas essas mudanças na Europa acabam refletindo por todo o mundo, como exemplo no Brasil, o processo de "Independência do Brasil", culminado numa resposta efetiva em 1822, através de D. Pedro I. Pode-se dizer que a Independência do Brasil começou na Revolução Francesa e no modo de agir das novas correntes pensadoras do Velho Continente.

10. Mary Shelley faz parte desse contexto histórico desafiador - entre a luz, o caos e o terror. Mary Shelley e sua obra é fruto do seu momento, de suas percepções e histórias pessoais. Mary Shelley e Frankenstein não foram criações   do nada , mas produtos de uma época, conquistados, adquiridos ao longo de um tempo. Frankenstein foi gerado nesse caos libertador – O "Monstro-Homem".

11. Mary Shelley está banhada nesse conhecimento, formar algo do nada é fácil, mas a partir do caos é tarefa impossível, ela de certa forma refuta a geração espontânea, e diz como o seu monstro-adão pode ser criado a partir do inanimado, gerando a vida, aqui nota-se uma contradição, o inanimado fragmentado monstro é vivificado por seu criador, mas que parte de algo, e não criado espontaneamente. Parece ser uma versão de Pasteur, no modo literário ao inverso, porque, para Pasteur, somente o vivo pode gerar vivo, o inanimado não poder gerar vida. 

12. Parece que Frankenstein recebe o sopro da vida no gênese caótico do Dr. Victor. As ideias são muitas. Inúmeras observações e mentes pesando na mesma coisa, o que é a vida? de onde veio?

Mary com Frankenstein recria o Adão Moderno, vivificado com o sopro da vida do seu Criador.



REFERÊNCIAS


1 Frankenstein ou o Prometeu Moderno/ Mary Shelley; Christian Schwartz (Tradutor) – 1ª Edição – São Paulo Penguin Classics Companhia das Letras, 2015; 9 setembro 2015. título original: Frankenstein, or, The Modern Prometheus, 1818. ISBN 978-8582850190.

2 MARY SHELLEY, 2h, com Elle Fanning, Douglas Booth, Tom Sturridge, Bel Powley. Direção: Haifaa al Mansour. Parallel Film & Gidden Media em associação com Julliete Films. NETFLIX distribuidora, 2017. 

3 Frankenstein: annotated for scientists, engineers, and creators of all kinds / Mary Shelley ; edited by David H. Guston, Ed Finn, and Jason Scott Robert. The MIT Press, 2017. ISBN 9780262533287.

https://www.bbc.com/portuguese/geral-50861019 Acesso 27/07/2021.






















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Imagem esquemática do SARS-CoV-2 exibindo a espícula glicoproteica S

Imagem esquemática do SARS-CoV-2 exibindo a  espícula glicoproteica S
Ela é responsável pelo fenômeno de adsorção, a ligação do vírus à célula, e portanto, pelo início da infecção viral. O SARS-CoV-2 se liga às células através de um receptor, a enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), presente nas superfícies de células do pulmão, do intestino, do rim, e de vasos sanguíneos. Imagem: https://www.scientificanimations.com/C&EN/Shutterstock.

Imagem esquemática do SARS-CoV-2.

Imagem esquemática do SARS-CoV-2.
Observe receptor presente na célula [ACE2] que se liga à proteína S. Human cell = célula humana; Glycoprotein = glicoproteína. Imagem: https://www.scientificanimations.com/C&EN/Shutterstock.

SARS-CoV-2 iniciando o processo de infecção.

SARS-CoV-2 iniciando o processo de infecção.
Fenômeno de adsorção - quando o vírus "toca" a célula com "segundas intenções". A menor quantidade de receptores ACE-2 nas células das crianças explicaria o fato desta faixa etária ser menor atingida por este novo coronavírus.