1ª Prática de Virologia no Curso de Farmácia na Universidade Federal da Paraíba


Ontem, 23 de maio de 2018, fizemos história na Universidade Federal da Paraíba. Realizamos a primeira prática de Virologia no Curso de Farmácia na disciplina de Microbiologia, Campus João Pessoa. Foi um momento especial para mim, desde que cheguei na universidade no ano de 2013, justamente no Dia do Índio. 

Depois de cinco anos, que aqui chegamos, finalmente conseguimos realizar nossa primeira prática de Virologia. Por favor, não pergunte como e o porquê de tanta demora. Daria pra fazer um filme digno de Hollywood com todos os ingredientes de Alfred Hitchcock

A prática realizada pelos alunos, após fundamentação teórica, foi a de um teste rápido imunocromatográfico do tipo fluxo lateral, o RIDA®Quick Rotavirus/Adenovirus Combi da Biopharm, para detecção de antígenos destes vírus nas amostras de fezes. No caso dos rotavirus este teste é capaz de detectar a proteína viral estrutural 6, a VP6 [proteína que caracteriza a espécie, sendo proposta nove espécies, de A-I]. Para os adenovirus, proteínas do capsídeo são detectadas. 


O QUE MAIS ME IMPRESSIONA, É O FATO DE QUE UM TRABALHO INÉDITO, O RASTREAMENTO DE ROTAVÍRUS NO CURIMATAÚ PARAIBANO, SE TORNOU UMA PRÁTICA INÉDITA NO CURSO DE FARMÁCIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA.




Veja imagens abaixo.



Figura esquemática da partícula do rotavirus [arquivo pessoal do Prof. Marcelo Moreno]. Observe os segmentos de RNA de dupla fita e suas correspondentes proteínas. As proteínas estruturais (VPs), VP4 (87 Kda - 776 aa), VP6 (45 Kda - 397 aa) e a VP7 (37 Kda - 315 aa) formam as proteínas do duplo capsídeo, enquanto a VP1 (125 Kda), VP2 (102 Kda) e a VP3 (98 Kda) estão associadas ao core (capsídeo interno). A VP6, codificada pelo gene 6, constitui o capsídeo intermediário,  e contribui com cerca de 60% da massa do vírion. Os rotavirus são classificados em função de características fenotípicas, sorológicas e genotípicas. A caracterização da espécie está fundamentada na proteína VP6, enquanto os sorotipos e os genótipos estão baseados em diferenças antigênicas nas proteínas VP4 e VP7. Até a presente data são descritos 27 genótipos G e 37 P. Na página eletrônica do Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV) estão descritas 9 espécies (rotavírus de A a I)A maioria dos rotavírus que infectam a espécie humana pertencem à espécie A (RVA), mas isolados de RVB causam surtos esporádicos  em adultos. Surtos autolimitados de gastroenterite humana são devidos aos RVC.




Prof. Marcelo Moreno. João Pessoa, Paraíba/Brazil. Maio de 2018.




Da esquerda para a direita: Lívia e Thaíse. No fundo, Eurípedes, Rickia e Daniel.





Da esquerda para a direita: João Victor, João Paulo, Ywkiane, Isabel, Jadon, Marcelo Moreno, Radimila, Raíssa, João e Myrelle.





Alunos em atividade.





Agitação no vórtex.



MATERIAL DA PRÁTICA: CLIQUE AQUI!








Referências 


  1. https://www.who.int/immunization/monitoring_surveillance/burden/estimates/rotavirus/en/or
  1. https://www.who.int/immunization/monitoring_surveillance/global_rota_mortality_CID_2016.pdf?ua=1. Acesso em 26/03/2019. 
  1. R. F. Bishop et al., "Virus particles in epithelial cells of duodenal mucosa from children with acute non-bacterial gastroenteritis," Lancet, 1:1281-3, 1973.
  1. Bishop, R. F. et al.,“Detection of a new virus by electron microscopy of faecal extracts from children with acute gastroenteritis”. Lancet 1, 149-151, 1974.
  1. Mary K. Estes and Harry B. Greenberg, “Rotaviruses” – Chapter 45. In: Fields Virology/editors-in-chief, David M. Knipe, Peter M. Howley, Bernard N. Fields et al., Philadelphia, USA: Lippincott Williams & Wilkins – a Wolters Kluwer business, Vol. 2, 6th , pp. 1347-1401, 2013.
  1. Medical Virology. Fenner and White’s. “Reoviruses” – Chapter 27. Frank J. Fenner & David O. White, In: Christopher J. Burrell,  Colin R. Howard and Frederick A. Murphy . Academic Press is an imprint of Elsevier, London, United kingdom, Fifth Edition, pp. 345-53, 2017.
  1. Moreno, M. & Câmara, F. P. Evaluation of the rotavirus vaccine introduced into infant population in the semiarid region of the state of Paraíba, Brazil (2006 - 2013). Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 5, n. 3,p.8748-8758, may./jun., 2022. DOI: 10.34119/bjhrv5n3-061.
  1. Comitê Internacional de Taxonomia Viral (ICTV). https://talk.ictvonline.org/ictv-reports/ictv_9th_report/dsrna-viruses-2011/w/dsrna_viruses/188/reoviridae. Acesso 19/02/2019.
  1. https://clinical.r-biopharm.com/products/ridaquick-rotavirusadenovirus-combi-cassettes/. Acesso Março 2013  23h59.
  1. Imunoensaios: Fundamentos e Aplicações. Adelaide J. Vaz, Kioko Takei & Ednéia Casagrande Bueno. Capítulo 8, página 83. Guanabara Koogan. 2007.

Comentários

Imagem esquemática do SARS-CoV-2 exibindo a espícula glicoproteica S

Imagem esquemática do SARS-CoV-2 exibindo a  espícula glicoproteica S
Ela é responsável pelo fenômeno de adsorção, a ligação do vírus à célula, e portanto, pelo início da infecção viral. O SARS-CoV-2 se liga às células através de um receptor, a enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), presente nas superfícies de células do pulmão, do intestino, do rim, e de vasos sanguíneos. Imagem: https://www.scientificanimations.com/C&EN/Shutterstock.

Imagem esquemática do SARS-CoV-2.

Imagem esquemática do SARS-CoV-2.
Observe receptor presente na célula [ACE2] que se liga à proteína S. Human cell = célula humana; Glycoprotein = glicoproteína. Imagem: https://www.scientificanimations.com/C&EN/Shutterstock.

SARS-CoV-2 iniciando o processo de infecção.

SARS-CoV-2 iniciando o processo de infecção.
Fenômeno de adsorção - quando o vírus "toca" a célula com "segundas intenções". A menor quantidade de receptores ACE-2 nas células das crianças explicaria o fato desta faixa etária ser menor atingida por este novo coronavírus.