Dia D da Vacinação para a Gripe H1N1 - Michigan; H3N2 - Singapura; e Influenza B - cepas Yamagata e Brisbane

SERÁ 12 DE MAIO NO BRASIL


A vacina para a gripe em 2018 no Brasil foi atualizada em função das cepas circulantes no inverno do hemisfério norte. Sendo referência o mês de janeiro de 2018. 
As autoridades de saúde daqueles países não atualizaram suas vacinas e por conta disso foi registrado um grande números de pessoas infectadas, cerca de 2 vezes mais que em 2017 (ANVISA, abril de 2018).
Todavia não se pode garantir que a cepa da vacina que será aplicada no Brasil será a mesma que irá circular no território brasileiro.

O interessante também no episódio, foi a declaração de um infectologista que disse:

"Essa forma que circulou nos EUA foi mais virulenta, o que significa dizer que foi mais agressiva que as demais"


Observa-se aqui o uso incorreto do termo virulência como uma referencia à gravidade da doença. Ou seja, ele acha que quanto mais grave a doença, mais virulenta é a cepa do microrganismo. Neste caso, sua comparação deixou de fora conceitos relacionados ao hospedeiro, ou mesmo a comparação com diferentes cargas infecciosas das cepas de 2017. 

Esta frase poderia ser alterada, com mais propriedade científica, da seguinte forma:



"As variações antigênicas desta cepa de vírus da influenza de 2018, as quais originaram novos sorotipos virais, comparadas às de 2017, têm sido associadas aos maiores índices de mortalidade"



Talvez, devido à riqueza da língua portuguesa, e às traduções equívocadas, acabamos tentados a esquecer os conceitos da nossa área. Veja o texto abaixo extraído da obra: Frankenstein, or,  The Modern Prometheus.

Observe que no trecho literário abaixo (tradução Companhia das Letras, página 8),  a palavra virulento está como sinônimo de agressivo. Mesmo assim, verifica-se a carga de insultos à obra da escritora.



Tradução: Christian Schwartz. 
Frankenstein ou Prometeu Moderno/ Mary Shelley. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2015. Título original: Frankenstein, or,  The Modern Prometheus.



Enfim, trata-se tão somente de uma sugestão acadêmica, salvo melhor entendimento por parte de outros colegas da área. 


XXX

Neste ano de 2018 a vacina trivalente, administrada nos postos de saúde, será constituída de:
um vírus similar ao vírus influenza A/Michigan/45/2015 (H1N1)pdm09;
um vírus similar ao vírus influenza A/Singapore/INFIMH-16-0019/2016 (H3N2);
um vírus similar ao vírus influenza B/Phuket/3073/2013.

Nos postos particulares de vacinação será incluído :

o influenza B da forma Brisbane/60/2008.

Compare com as cepas de 2017:  

- A/Michigan/45/2015(H1N1);  
- A/Hong Kong/4801/2014 (H3N2), trocada pela H3N2 Singapura; 
- B/Brisbane/60/2008;  e  
- B/Phuket/3073/2013, cepa Yamagata.



Agora em 2018 elas são referidas como SIMILARES. Ou seja, não as mesmas cepas de 2017. Vale destacar que diferenças sutis nos peplômeros da partícula viral através do antigenic drift (deriva gênica) podem causar surtos ou focos epidêmicos, no caso do H3N2 e do influenza B. Ou iniciar pandemias, através de recombinação dos genomas, conhecida como antigenic shift (troca gênica), no caso do H1N1, um vírus influenza A - FLUVA. A princípio, qualquer FLUV (vírus influenza) pode sofrer qualquer uma dessas alterações genéticas, seja a deriva ou a troca gênica. Por enquanto, a recombinação é peculiaridade do FLUVA. A boa notícia é que a troca gênica é um evento que precisa ser acompanhado de outras características biológicas e ecológicas do novo vírus formado para que haja o disparo de uma pandemia. Ao passo que a deriva sempre pode ocorrer durante a replicação do genoma viral, e não está associadas às grandes pandemias que assolaram o planeta.




Figura esquemática do vírus influenza A. Observe em vermelho e no formato de cogumelo a proteína N-neuramidase, responsável pela clivagem de resíduos de ácido siálico na superfície da célula infectada, liberando a partícula viral da célula, presa via proteína H- hemaglutinina (em azul no formato de pinos) a estes resíduos de ácidos siálicos, o que após a partícula viral livre, irá infectar outras células, contribuindo assim para a disseminação do vírus no organismo. O Tamiflu®, fosfato de oseltamivir, é uma droga que inibe a  neuraminidase,  e portanto , atua inibindo a infecção de novas células. Mas deve ser administrado nas primeiras 48 horas pós-sintomas, sempre a critério médico, para se evitar o surgimento de cepas virais resistentes. Ou seja, a decisão de quando administrar o oseltamivir pode gerar controvérsias. Fonte da imagem: Centers for Disease Control and Prevention. CDC.GOV, acesso dezembro de 2017.



Comentários

Imagem esquemática do SARS-CoV-2 exibindo a espícula glicoproteica S

Imagem esquemática do SARS-CoV-2 exibindo a  espícula glicoproteica S
Ela é responsável pelo fenômeno de adsorção, a ligação do vírus à célula, e portanto, pelo início da infecção viral. O SARS-CoV-2 se liga às células através de um receptor, a enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), presente nas superfícies de células do pulmão, do intestino, do rim, e de vasos sanguíneos. Imagem: https://www.scientificanimations.com/C&EN/Shutterstock.

Imagem esquemática do SARS-CoV-2.

Imagem esquemática do SARS-CoV-2.
Observe receptor presente na célula [ACE2] que se liga à proteína S. Human cell = célula humana; Glycoprotein = glicoproteína. Imagem: https://www.scientificanimations.com/C&EN/Shutterstock.

SARS-CoV-2 iniciando o processo de infecção.

SARS-CoV-2 iniciando o processo de infecção.
Fenômeno de adsorção - quando o vírus "toca" a célula com "segundas intenções". A menor quantidade de receptores ACE-2 nas células das crianças explicaria o fato desta faixa etária ser menor atingida por este novo coronavírus.