Como Avaliar ? A PEDAGOGIA DO OPRESSOR E UMA EXPERIÊNCIA PILOTO.
Nós professores não devemos ser meros aplicadores de exames, semelhantes a inspetores escolares. Não somos “classificadores” de alunos para rotulá-los com um valor, uma nota. Essa medida aferida é reflexo do professor, do seu ensino, é o espelho do seu trabalho.
Essa discussão foi praticamente resolvida no século passado. Contudo, alguns educadores vasculham tal ambiente, o que é muito válido e de extrema importância. Está claro para nós hoje que avaliar não é apenas medir. E por outro lado, avaliar apenas o desempenho do aluno deixa de fora parte significativa do processo. Quando uma avaliação é aplicada apenas com o caráter de exame, nos tornamos inspetores, e acaba com o objetivo principal, o intercâmbio produtivo no processo ensino-aprendizagem.
Uma avaliação deve mediar o processo do ensino e da aprendizagem, que por sua vez, deve estimular a reflexão do professor sobre o que ele está fazendo em sala de aula. Não creio que a avaliação deva ser somente um cumprimento do sistema, tão somente para gerar notas a serem colocadas em uma tabela. A avaliação é uma das ferramentas no processo da aprendizagem, mas não dever ser a principal, nem tampouco ser super-valorizada.
Os especialistas do milênio passado, podemos assim dizer, já deram um norte. E, por sua vez, abriram novas discussões, como por exemplo, o aperfeiçoamento dos instrumentos de avaliação.
Colegas! Para enriquecer o debate:
- Possuo também Licenciatura, e como a grande maioria dos colegas, estou no magistério há cerca de 30 anos. Participei de debates sobre avaliação e realização de ensaios nessa área. Acompanhei os excelentes trabalhos desenvolvidos na área pela Fundação Cesgranrio na década de 1980. Além disso, fiz diversas experiências, onde aplico provas com consulta e outras provas sem consulta. Cursos idênticos, e com provas idênticas (VEJA NO FINAL).
Resultados:
Médias próximas e desvio padrão também. Como explicar?
Não estou aqui propondo retirar atribuições dos professores, não é isso. Mas a avaliação deve ser encarada como um instrumento de acompanhamento do processo da aprendizagem. É claro que faz parte do trabalho docente verificar a aprendizagem do aluno, mas devemos observar o processo como um todo. Ou seja, notas baixas, podem estar exibindo mais fragilidades do mestre do que de seus alunos.
Neste século, estamos diante de novas concepções pedagógicas, onde a dimensão da avaliação é mais ampla. O caráter democrático deve ser observado entre os professores, de modo a respeitar os critérios de avaliação dos colegas.
Por fim, avaliar não deve ser tão somente distribuir notas e rotular pessoas, mas deve compreender uma série de objetivos que devem ser alcançados, como por exemplo, entre outros, fazer com que nossos alunos alterem seus comportamentos. Na minha opinião, essa é a “alma” do ensino.
Veja o exemplo em um restaurante universitário, onde diversos profissionais da área da saúde freqüentam o local com seus jalecos. Houve mudança de comportamento? Será que não obtiveram excelentes médias e notas em seus exames?
Devemos nos preocupar em capacitar o futuro profissional para que ele possa tomar decisões em seu local de trabalho. Por exemplo, se um aluno, especificamente em microbiologia, se torna um monitor da disciplina e vai para o laboratório de microbiologia sem colocar o jaleco e sem lavar as mãos antes de iniciar ou executar seus trabalhos, creio que algo está errado nos processos avaliativos e seleção de monitores.
As consequências dessa incapacitação podem ser observadas na sociedade, como: erros médicos, quedas de prédios, aplicações de injeções que matam, grandes mortandades por epidemias e pandemias e por aí vai!
Ao mesmo tempo, nós professores, devemos entender que a Liberdade de Cátedra deve ser vista como algo relacionado às práticas de construção de um ensino real e verdadeiro. Um exercício da cidadania e da democracia. Não se pode, principalmente, como educador, desconstruir o ambiente de ensino do outro professor. Trata-se de uma prática arcaica, pertencente a uma mentalidade do século passado. Uma prática nociva, danosa não somente no ambiente acadêmico, mas com consequências nefastas para a sociedade.
Devemos nos preocupar em capacitar o futuro profissional para que ele possa tomar decisões em seu local de trabalho. Por exemplo, se um aluno, especificamente em microbiologia, se torna um monitor da disciplina e vai para o laboratório de microbiologia sem colocar o jaleco e sem lavar as mãos antes de iniciar ou executar seus trabalhos, creio que algo está errado nos processos avaliativos e seleção de monitores.
As consequências dessa incapacitação podem ser observadas na sociedade, como: erros médicos, quedas de prédios, aplicações de injeções que matam, grandes mortandades por epidemias e pandemias e por aí vai!
Ao mesmo tempo, nós professores, devemos entender que a Liberdade de Cátedra deve ser vista como algo relacionado às práticas de construção de um ensino real e verdadeiro. Um exercício da cidadania e da democracia. Não se pode, principalmente, como educador, desconstruir o ambiente de ensino do outro professor. Trata-se de uma prática arcaica, pertencente a uma mentalidade do século passado. Uma prática nociva, danosa não somente no ambiente acadêmico, mas com consequências nefastas para a sociedade.
Por outro lado, caso alunos, por algum motivo individualista ou imediatista, alegam que outros professores experimentam outras modalidades de avaliação, cabe a nós professores aumentarmos a maturidade nessa relação, a fim de que eles possam internalizar conceitos como a liberdade de expressão, por exemplo, desencadeando, então, práticas e atributos como a ousadia e a criatividade, tão escassas no ambiente de ensino.
Enfim,
[...] os professores aceitam e reforçam o velho e abusivo uso das notas, sem percebê-lo como um mecanismo privilegiado de competição e seleção. [...]. Preocupam-se sobremaneira em atribuir nota 7 ou 7,5, enquanto relegam a último plano os sérios problemas de aprendizagem. Perdem sono por tais problemas superficiais ao invés de se deter em problemas de aprendizagem (HOFFMANN, 1994, p. 69).
Referencias
Matos, D. A. S. Avaliação: Conceitos e Princípios. Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana. 2013.
Mendes, J. S .; Da Costa, L.P. Os Desafios da Escola Pública Paranaense na Perspectiva do Professor. Versão Online. ISBN 978-85-8015-093. 2016.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 42.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação: mito e desafio:a perspectiva construtivista. 44. ed. Porto Alegre, RS: Mediação, 2014.
EXPERIMENTOS PRELIMINARES
No ano de 2012, durante o meu período na Universidade Federal de Campina Grande, realizei 4 experimentos de avaliação. Para tal, utilizei duas turmas de Farmácia no 1º semestre e duas no segundo. Entretanto, ao longo de minha carreira em alguns momentos utilizei o recurso didático de aplicar provas com consulta, mas essa foi a primeira vez que fiz um " experimento controlado ".
No 1º apliquei uma prova de Microbiologia SEM CONSULTA, nas 2 turmas, designada por A e B.
No 2º semestre, apliquei a mesma prova, segui o mesmo cronograma, e utilizei os mesmos slides. No entanto, foi permitido fazer a prova COM CONSULTA. No caso, 1 livro para cada aluno, a sua escolha.
Os resultados foram surpreendentes. E vale o debate: - Aplicar prova com consulta é correto? Beneficia o aluno de alguma forma?
Mesmo sendo um experimento preliminar, deixe seu comentário. Será bem vindo, obrigado.
RESULTADOS
Prova SEM CONSULTA
Turmas A B
Número de 40 39
alunos
Média 6,1 6,3
Desvio padrão 1,1 1,0
% de aprovados
sem Prova Final 37,5 35,9
Prova COM CONSULTA*
Turmas A B
Número de 30 45
Média 6,3 6,2
Desvio padrão 0,6 0,4
sem Prova Final 16,7 14,7
* os alunos foram avisados com antecedência que realizariam a prova com consulta.
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